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Como Will Campbell 'Mudou a Cultura' em Baton Rouge até se tornar escolha de primeira rodada dos Patriots

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As férias de primavera para estudantes universitários aqui nos EUA geralmente são um momento para passar com a família ou amigos antes de voltar para a segunda metade do semestre.

Mas, para Will Campbell, seu primeiro spring break no campus em Baton Rouge, Louisiana, foi um período para trabalhar. Naquela época o calouro, Campbell passou a semana de folga se preparando para conquistar a vaga de left tackle titular contra um veterano de quatro anos na linha ofensiva de LSU. Enquanto seus amigos estavam fora do campus, Campbell assistia a vídeos e fazia exercícios técnicos para voltar voando quando os [LSU] Tigers retomassem os treinos coletivos.

Aos 19 anos, Campbell venceu a disputa pela posição de left tackle titular contra um veterano — uma vaga que ele nunca mais largou durante suas três temporadas em LSU. Abrir mão das férias de primavera para focar no futebol americano é apenas uma das muitas histórias que ilustram a determinação competitiva da quarta escolha geral do draft, junto com episódios como se apresentar para jogar no ensino médio mesmo lesionado ou acertar um golpe no peito de Mike Vrabel durante um treino pré-draft que chegou a derrubar o técnico dos Patriots no chão.

"Vocês já tiveram jogadores inacreditáveis passando por essa franquia. Digo, Hall da Fama. Esse garoto tem tudo pra ser mais um desses nomes lendários," disse o técnico de linha ofensiva de LSU, Brad Davis, ao Patriots.com. "Ele é uma das pessoas mais comprometidas com quem já trabalhei. Não quer decepcionar ninguém e tem um nível de orgulho incomparável no que faz."

"Ele passou incontáveis horas na nossa sala de musculação e com nossa nutricionista, trabalhando para aprimorar e evoluir o corpo dele. Por mais impressionante que seja fisicamente, o mais marcante é a ética de trabalho — coisas que vocês não veem: chegar no centro de treinamento às 5 da manhã pra cuidar do corpo. Aos domingos, depois dos jogos, ele dirigia até Nova Orleans pra trabalhar com um fisioterapeuta que o ajudava a alongar e realinhar o corpo. Esse garoto investiu horas e horas, além do próprio dinheiro vindo dos contratos de NIL. São coisas que vocês não enxergam de fora," contou Davis.

Depois de focar em si mesmo para conquistar a vaga de left tackle titular em um dos maiores programas do futebol americano universitário, Campbell se tornou peça-chave na reconstrução de uma linha ofensiva que vinha enfrentando dificuldades. Em 2019, a linha ofensiva dos Tigers venceu o Joe Moore Award como a melhor do college football. No entanto, as trincheiras de LSU sofreram uma queda de rendimento nos anos seguintes — até a chegada de Campbell ao campus.

Os Patriots vivem uma situação parecida, com a linha ofensiva enfrentando dificuldades nas últimas duas temporadas. Em 2024, New England terminou em último lugar no índice de vitórias em bloqueios para o jogo corrido e em 31º no bloqueio para o jogo aéreo, além de ter uma necessidade evidente na posição de left tackle. Por isso, Campbell foi uma escolha óbvia na primeira rodada — com a missão de proteger o lado cego do quarterback Drake Maye, em seu segundo ano. Assim como fez em Baton Rouge, a expectativa é que Campbell agora dite o ritmo da linha ofensiva dos Patriots.

"Ele mudou a cultura no dia em que entrou na sala," disse Davis. "Foi o compromisso e a dedicação dele com o que faz, mas também o quanto ele investia nos companheiros de time. Quando você vê esse garoto em campo, ele é o melhor jogador ali, mas está treinando e se esforçando mais do que qualquer outro ao redor. Ele redefiniu o padrão dentro daquele grupo."

"A cultura da linha ofensiva de vocês… estou empolgado pra ver pra onde vai," disse Davis. "Se vocês colocarem ao lado dele outros caras que não têm medo de trabalhar duro e que tragam energia positiva, ele vai ser All-Pro por muito tempo."

Embora as qualidades intangíveis que Campbell traz para o time sejam excepcionais, ele ainda precisa entregar desempenho à altura como o left tackle titular projetado dos Patriots. Em termos de estilo de jogo, o jogador vindo de LSU possui o atletismo e a agressividade necessários para ser um titular de alto nível na NFL. Dito isso, alguns analistas criticam seu perfil técnico por conta da falta do comprimento ideal de braços — o jovem de 21 anos mediu entre 32 ⅝ e 33 polegadas. Para esses críticos, Davis foi direto na resposta.

"Will Anderson, Jared Verse, Dallas Turner, Dylan Stewart, Walter Nolan, Jalen Carter, Princely Umanmielen, Jared Ivy, Shamar Stewart," disse Davis, listando os principais defensores que Campbell enfrentou durante seu tempo em LSU. "Ele enfrentou talvez uns 15 defensive ends que foram escolhidos na primeira ou segunda rodada. Ele jogou contra os melhores do país todo sábado — e dominou.

"Eu entendo o valor das métricas e dos dados históricos. Essas coisas importam, mas não dá pra ignorar ou subestimar o nível de dureza e determinação que esse garoto tem pra superar aquilo que os outros consideram uma limitação. Qualquer desafio que colocarem no caminho dele, ele vai trabalhar feito louco pra superar. Não há nada que esse garoto não consiga fazer."

Perspectiva Profissional com Duke Manyweather (Fundador e CEO da OL Masterminds)

Como treinador de linha ofensiva de Campbell nas últimas três temporadas, era de se esperar que Brad Davis tivesse muitos elogios ao jogador, especialmente após o sucesso que o novo reforço dos Patriots teve em LSU.

Para olhar para o futuro, o Patriots.com também conversou com Duke Manyweather, fundador e CEO da OL Masterminds. Manyweather é um dos maiores especialistas em linha ofensiva da atualidade, com mais de uma década de experiência treinando atletas da NFL — incluindo mais de 40 veteranos, vários deles nomeados All-Pro e Pro Bowlers. A OL Masterminds foi criada para resolver um problema comum: a falta de continuidade no desenvolvimento técnico de offensive linemen durante a offseason. Na entressafra da liga, a OL Masterminds organiza uma cúpula que reúne jogadores de linha ofensiva para trocar experiências, técnicas e segredos da posição.

Entendendo que a posição de linha ofensiva exige técnica refinada e oferece poucas repetições práticas durante a temporada, Manyweather criou uma estrutura para que os jogadores da posição pudessem continuar se desenvolvendo na offseason — de forma semelhante ao que treinadores particulares fazem com quarterbacks. Na última entressafra universitária, Campbell começou a treinar com Manyweather para aprimorar seu jogo antes de sua temporada final em LSU e, desde então, continua trabalhando com a OL Masterminds nesta offseason.

"Quando a temporada acabou, [Campbell] começou a trabalhar quase imediatamente. Começamos no início de dezembro e identificamos alguns pontos específicos pra desenvolver," contou Manyweather. "[Campbell] é extremamente treinável. É um cara que aparece todos os dias pronto pra trabalhar."

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Começando pela proteção ao passe, Manyweather explicou que Campbell se destaca por conta de sua movimentação explosiva e uso excelente das mãos. Embora possa ter braços mais curtos do que o ideal, Manyweather acredita que Campbell compensa essa característica com técnica apurada e uma ótima capacidade de recuperação.

"É impressionante o quão explosivo é o set dele e o alcance com que joga. Houve muita conversa sobre o comprimento dos braços, mas ele é tão eficiente — quase cirúrgico — no uso das mãos, na forma como se prende aos defensores. Ele usa muito bem as mãos de forma independente, e às vezes as duas ao mesmo tempo. Quando você tem um jogador que domina esse aspecto, a falta de envergadura deixa de ser um problema," afirmou Manyweather. "Já vi muitos jogadores que dependem demais da envergadura e se complicam porque não sabem usar bem as mãos. O Will sabe usar as mãos como poucos."

Como bloqueador no jogo corrido, Manyweather destacou vários pontos que se sobressaem ao analisar os vídeos de Campbell. O tackle, que registrou a melhor pontuação entre jogadores da posição com um Relative Athletic Score de 9.91 no NFL Scouting Combine, usa seu atletismo de elite e força funcional para causar grande impacto nas jogadas terrestres.

"Ele combina explosão, equilíbrio e força de maneira impressionante," explicou Manyweather. "A capacidade que ele tem de se mover no espaço, alcançar o segundo nível e manter o controle do corpo durante os bloqueios o torna um pesadelo para os defensores. Ele não apenas chega lá — ele finaliza."

"No jogo corrido, ele consegue fazer muita coisa diferente. Consegue sair com explosão da linha e fechar o espaço contra os defensores, o que os desestabiliza. Ele tem capacidade de alcançar o lado forte em qualquer tipo de zona e realmente empurrar os defensores pra cima no campo," disse Manyweather. "Ele tem agilidade e controle corporal pra cortar o backside, além de mostrar atleticismo e noção de espaço pra subir até o segundo nível."

"Técnica e consistência. Esse é o verdadeiro modelo do jogo dele — e foi isso que permitiu que ele fosse a quarta escolha geral do draft."

Embora acredite no talento de Campbell, Manyweather destacou uma área do jogo do calouro que ainda precisa ser aprimorada. Na proteção ao passe, Campbell tende a "derivar" ou exagerar na abertura para o lado externo, o que permite que pass rushers ataquem pelo lado de dentro e gerem pressão sobre o quarterback dos Patriots. Manyweather identificou esse ponto de atenção logo no início dos treinos com Campbell — e acredita que pode ser corrigido.

"Quando você vê um jogador começando a derivar, ele está tentando se ajustar ao rusher. Eu digo pros caras: não tentem se ajustar ao rusher. Façam o set, fiquem quadrados o maior tempo possível, e forcem o defensor a sair da linha de corrida dele," explicou Manyweather. "Assim que você expande o ponto de contato e faz ele dar um passo fora da rota, você já fez seu trabalho. Esse foi o principal aspecto que eu queria trabalhar com o Will."

A pergunta que surge após a análise de Manyweather é: será que Campbell deriva para fora no pass set para compensar o comprimento dos braços? Alguns acreditam que ele abre demais contra os rushers porque não tem envergadura suficiente para se manter quadrado. Mas Manyweather não concorda com essa leitura.

"Não, não, não," respondeu Manyweather, ao ser questionado se isso estaria ligado ao comprimento dos braços de Campbell. "É só uma questão de ajustar sua relação com o rusher e entender quando você precisa ampliar o espaço dele. Eu tenho jogadores All-Pro que ainda estou trabalhando nesse aspecto. É tudo uma questão de acertar o tempo e saber quando reajustar sua alavancagem posicional contra o defensor."

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O próximo passo para Campbell será trabalhar com a comissão técnica dos Patriots, começando pelo minicamp dos novatos (de 9 a 11 de maio) até o minicamp obrigatório (de 9 a 11 de junho). Depois disso, o plano é que Campbell continue aprimorando sua técnica com Manyweather durante o período de recesso entre o programa de treinos de offseason e o início do training camp dos Patriots em julho. Manyweather também trabalhou nesta offseason com Jared Wilson, escolha de terceira rodada dos Patriots.

"Ambos são jogadores extremamente consistentes e trabalhadores incansáveis. Acredito que têm um potencial enorme para brilhar em New England," afirmou Manyweather.

Com essas duas escolhas altas no draft e reforços na free agency, os Patriots elevaram significativamente o nível de talento da linha ofensiva nesta offseason. Depois dos números ruins da temporada passada, era uma necessidade evidente — e o time respondeu com duas seleções dentro do top 100 do draft e contratações importantes como o OT Morgan Moses e o C Garrett Bradbury.

Além de representar uma técnica superior na posição de left tackle, Campbell também é visto como um potencial futuro capitão da equipe, graças ao seu alto caráter dentro e fora de campo. O técnico Mike Vrabel destacou a importância de trazer jogadores capazes de reconstruir uma cultura vencedora em Foxboro — e com Campbell, os Patriots estão apostando em um pacote completo: talento de elite e liderança exemplar.

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