No verão de 2001, Mike Vrabel era um jogador do Patriots há apenas alguns meses. Ele chegou na primavera como free agent, após quatro anos bem sólidos em Pittsburgh como um jogador de edge situacional. Vrabel buscava novas oportunidades, e um papel maior em New England.
Ele conseguiu, tanto dentro quanto fora de campo.
Em uma tarde particularmente quente enquanto Vrabel estava apenas começando em seu primeiro training camp com o time, ele foi cercado por repĂłrteres no Bryant College, onde os Patriots treinavam. Andy Katzenmoyer, um dos dois jogadores escolhidos pelos Patriots na primeira rodada do draft de 1999, ainda nĂŁo tinha se apresentado ao camp apĂłs sofrer uma lesĂŁo no pescoço que o limitou a apenas oito jogos em 2000. Vrabel e Katzenmoyer foram companheiros de equipe em Ohio State em 1996, e a mĂdia buscava respostas do novo integrante do time.
Era uma situação peculiar para um novato tentando se firmar em um novo time, enquanto respondia perguntas sobre outro jogador. Mas ele lidou com isso de forma tĂŁo profissional quanto se poderia esperar, demonstrando respeito por Katzenmoyer, pelo seu novo time e atĂ© mesmo pela mĂdia, que o havia colocado nessa posição desde o inĂcio.
Vrabel nĂŁo revelou nenhum segredo e falou apenas sobre Katzenmoyer no perĂodo em que jogaram juntos em Ohio State, sem tentar oferecer muita informação sobre a situação do seu colega. Embora fosse fácil entender se ele tivesse se sentido incomodado por ter que responder por Katzenmoyer, ele compreendeu o motivo das perguntas e lidou com a situação de uma forma proativa.
Foi um exemplo marcante do jogador e técnico que Vrabel eventualmente se tornaria – responsável, versátil, confiante e, acima de tudo, inteligente. Muitos jogadores teriam evitado uma situação complicada como essa, especialmente considerando a reputação de Bill Belichick de desencorajar os jogadores a revelar muito aos repórteres.
Vrabel tinha autoconfiança e discernimento para lidar com situações como essa, mesmo antes de vestir o uniforme dos Patriots. Durante seus oito anos em Foxborough, ele continuou sendo uma liderança forte no vestiário, frequentemente sendo a voz procurada pela mĂdia a cada semana. Seu humor peculiar e comentários diretos ofendiam alguns, mas, com histĂłrias sobre sua disposição de provocar Belichick – como no dia em que apareceu no treino usando um capacete antigo dos Giants, brincando com a nostalgia do tĂ©cnico sobre seus dias em Nova York – era difĂcil levar suas provocações para o lado pessoal, sabendo que, no mundo de Vrabel, todos eram alvos iguais.
Esse estilo o serviu bem como técnico, especialmente sua confiança. Seu tempo no Tennessee não foi perfeito, mas ele estabeleceu uma cultura que deixava claro que ele estava no comando. Ele cobra responsabilidade dos jogadores, e essa é exatamente a abordagem que os Patriots precisam desesperadamente no momento.

É claro que os Patriots tinham Vrabel como alvo desde o inĂcio, e Robert Kraft agiu de forma agressiva e rápida para garantir sua contratação. Sem dĂşvida, o tempo que passaram juntos ajudou ambos os lados a se sentirem confortáveis, mas a experiĂŞncia de Vrabel no Tennessee tambĂ©m deve ter desempenhado um papel importante.
Os Titans tiveram um certo sucesso sob o comando de Vrabel, com três aparições nos playoffs em suas seis temporadas, inclusive – uma campanha até a final da AFC em 2019 – um ano de playoffs que começou com uma vitória sobre os Patriots, no que seria o último jogo de Tom Brady em Foxborough com a equipe.
Embora os times de Vrabel nos Titans tenham enfrentado dificuldades no final de sua passagem por Nashville– algo que levou Ă sua demissĂŁo apĂłs a temporada de 2023 – ele foi amplamente considerado o melhor candidato disponĂvel no mercado, e Kraft nĂŁo cometeu erros em o trazer para o time.
Bom, e agora?
Agora, começa o trabalho duro. Vrabel assume um time que venceu apenas 16 dos Ăşltimos 51 jogos e possui deficiencias em várias áreas do elenco. AlĂ©m disso, ele precisará restaurar a ordem em um vestiário que se tornou um pouco desorganizado em 2024, algo que deve jogar a favor de seus pontos fortes como lĂder geral.
Ainda há muitos detalhes a serem resolvidos, como a escolha de seu coordenador ofensivo e o restante de sua comissão técnica, mas Vrabel era claramente a opção mais adequada para iniciar esse processo.