Se vocĆŖ jĆ” participou de uma reuniĆ£o de equipe comandada pelo head coach Mike Vrabel, sabe que o tricampeĆ£o do Super Bowl adora mostrar lances dos seus tempos de jogador.
Pode ser um dos seus 57 sacks na carreira, uma das suas 11 interceptaƧƵes, ou talvez o seu favorito: relembrar que ele recebeu 10 touchdowns em 10 alvos lanƧados por Tom Brady como tight end na linha de gol. MƩrito dele, Vrabel tem muitos destaques em sua ilustre carreira como jogador.
Outro "Vrabelismo" Ć© que o head coach dos Patriots gosta de ir para a batalha durante os treinos, enfrentando seus jogadores no mano a mano ā mesmo aos 49 anos e 15 anos depois de ter pendurado as chuteiras na NFL. Para alguns, isso pode parecer exagerado. No entanto, aqueles que jĆ” jogaram sob seu comando usam uma palavra diferente para descrever o 16Āŗ head coach da histĆ³ria dos Patriots: autĆŖntico.
"A maioria dos meus tĆ©cnicos nĆ£o conseguia se mover como o Mike Vrabel," disse Malcolm Butler, ex-jogador dos Titans e Patriots. "Nunca vi nada igual. Eu sabia que aquele cara ia garantir que vocĆŖ pegasse firme na academia, e ele ainda fazia uns sprints depois do treino e coisas assim. Isso fazia a gente sentir que ele realmente queria estar ali. Ele estava envolvido de verdade, tanto mental quanto fisicamente. As pessoas viam isso nele e queriam jogar por ele."
"Ele nĆ£o tinha vergonha de mostrar os prĆ³prios highlights para provar quantos touchdowns ele pegou, e sempre lembrava a galera que tinha 10 recepƧƵes para touchdown do Brady," acrescentou Logan Ryan, ex-cornerback dos Patriots e Titans. "Ele ensinava os tight ends a correr uma rota ou mostrava aos defensive ends como pressionar o quarterback. Ele se envolve muito nos treinos."
Ao mostrar que faz o que fala e fala o que faz, Vrabel conquista a confianƧa no seu programa. Embora tenha sido moldado pelos tempos de jogador sob o comando do ex-head coach Bill Belichick, a experiĆŖncia de Vrabel como atleta o ajuda a entender os desafios de uma temporada da NFL.
"Tem muitas semelhanƧas. Mas, obviamente, o Vrabel jogou, entĆ£o ele era mais de boa com os jogadores quando se tratava de dias de folga e de deixar a galera descansar o corpo," disse Dion Lewis, ex-jogador de destaque do New England e Tennessee, ao Patriots.com. "Estar sempre preparado, garantir que fazemos nosso trabalho, ser disciplinado, evitar penalidades, jogar em equipe. Ele definitivamente tinha o jeito dele de fazer as coisas, mas no fim das contas, vai parecer bastante familiar."
Com seu novo head coach, os Patriots esperam que Vrabel seja a mistura perfeita entre a preparaĆ§Ć£o meticulosa de Belichick e um tĆ©cnico da nova geraĆ§Ć£o que sabe se conectar com os jogadores de hoje.
"Estou animado por New England porque faz todo sentido. Ele Ć© um ex-Patriot, estĆ” voltando para casa, entende o que Ć© esperado dentro daquela organizaĆ§Ć£o e jĆ” viveu isso como jogador. Acho que eles conseguiram o melhor tĆ©cnico disponĆvel. Obviamente, os torcedores dos Patriots tambĆ©m devem estar animados," disse Logan Ryan.
"Ele veio da escola do Bill Belichick. Aprendeu futebol americano de alto nĆvel, entendeu o jogo situacional e a importĆ¢ncia de saber o que fazer em cada momento, alĆ©m de garantir que o time esteja sempre preparado," continuou Ryan. "Nunca senti que o time do outro lado tinha um plano melhor que o nosso ou que nosso plano nĆ£o era bom o suficiente para vencer. Sempre senti que tĆnhamos um plano sĆ³lido para ganhar."

Filosofia Ofensiva
Vrabel estĆ” assumindo um ataque com muitas dificuldades, mas com um quarterback promissor entrando em seu segundo ano. No seu discurso de apresentaĆ§Ć£o, o novo head coach dos Patriots se referiu a Drake Maye como um jogador "jovem e dinĆ¢mico".
Durante seu tempo no Tennessee, o ataque de Vrabel seguia o esquema West Coast, construĆdo em torno de um poderoso jogo terrestre. Em suas seis temporadas como head coach dos Titans, o Tennessee teve a maior frequĆŖncia de corridas em primeiras descidas da NFL (45,3%). AlĆ©m disso, a equipe ficou em segundo lugar em tentativas de corrida e jardas terrestres, operando um esquema de wide zone, derivado da Ć”rvore do sistema de Shanahan.
O primeiro coordenador ofensivo de Vrabel foi o atual tĆ©cnico dos Packers, Matt LaFleur. LaFleur trabalhou com os Shanahan e com o head coach dos Rams, Sean McVay, trazendo esse sistema para Nashville. Quando o esquema teve sucesso no primeiro ano, Arthur Smith manteve a mesma abordagem como coordenador ofensivo de Vrabel apĆ³s LaFleur assumir o comando dos Packers em Green Bay. Eventualmente, Smith tambĆ©m deixou o cargo para se tornar head coach.
"LaFleur era nosso coordenador ofensivo, entĆ£o a gente seguia mais o estilo dos Rams," disse Dion Lewis. "Muitas jogadas de outside zone com bootlegs, bastante movimentaĆ§Ć£o antes do snap, essas paradas no estilo dos Shanahan. TĆnhamos uma linha ofensiva cheia de caras durƵes e fĆsicos que adoravam correr com a bola. A gente jogava de acordo com a personalidade do time, e isso vinha do Vrabel. Ele Ć© um cara casca-grossa."
Embora os Titans tenham sido bem-sucedidos com ofensivas entre as 10 melhores em pontos marcados em 2019 e 2020, hƔ algumas preocupaƧƵes entre os torcedores de que os Patriots possam adotar uma abordagem conservadora, focada no jogo terrestre, na era Vrabel. No entanto, a resposta do head coach dos Pats fez sentido quando questionado sobre o ataque mais centrado nas corridas dos Titans.
"Nosso melhor jogador era o nosso running back, como vocĆŖs podem ver em Baltimore," disse Vrabel Ć rĆ”dio WEEI na semana passada. "Tentamos construir a ofensiva em torno do que achĆ”vamos ser nosso melhor jogador e nossa maior forƧa. VocĆŖ baseia qualquer sistema e esquema que tiver nos jogadores que vocĆŖ tem."
Vrabel estĆ” obviamente se referindo ao running back de cinco vezes Pro Bowl, Derrick Henry. Henry foi o principal running back de Tennessee durante toda a passagem de Vrabel pelos Titans. No perĆodo de seis anos em que Henry jogou sob o comando de Vrabel, o futuro Hall of Famer liderou a NFL em jardas terrestres por uma grande margem, sendo o rei das corridas nas temporadas de 2019 e 2020, correndo para mais de 2.000 jardas e 17 touchdowns em 2020. Mas nĆ£o foi sĆ³ Henry quem encontrou sucesso no ataque sob Vrabel.
"Ryan Tannehill estava em um contrato de um ano, no valor de 5 milhƵes de dĆ³lares. NinguĆ©m queria ele como quarterback. No final, ele foi para o Pro Bowl e assinou um contrato de 100 milhƵes de dĆ³lares," disse Ryan ao Patriots.com. "Eles draftaram um wide receiver de segunda rodada, que acabou se tornando o A.J. Brown. O Taylor Lewan acabou se tornando o left tackle mais bem pago, o Jack Conklin foi All-Pro como right tackle, e o Jonnu Smith foi para New England depois de receber uma grana. Todos esses caras no ataque parecia que tiveram algumas das suas melhores temporadas."
Como o veterano cornerback da NFL mencionou, Tannehill teve uma renovaĆ§Ć£o de carreira nos Titans depois de ter falhado em Miami, como uma escolha de primeira rodada top-10 do draft. Para aqueles que esperam ver Maye brilhar sob a lideranƧa de Vrabel, Tannehill Ć© um bom exemplo do que os ataques comandados por Vrabel podem fazer com quarterbacks. Durante um perĆodo de trĆŖs anos, de 2019 a 2021, Tannehill teve um recorde de 30-13 como titular, alĆ©m de ocupar a terceira posiĆ§Ć£o em pontos esperados por tentativa de passe (+0,23).
Uma grande parte do sucesso de Tannehill foi ser um passador altamente eficaz em jogadas de play-action. Com a defesa precisando respeitar Henry e o jogo terrestre, Tannehill ficou em terceiro lugar entre 51 quarterbacks qualificados em jardas por tentativa de passe em play-action (10,0) e EPA por tentativa de play-action (+0,32). Os Titans talvez nĆ£o fossem um ataque aĆ©reo de alto volume, mas eram altamente eficientes, uma palavra que Vrabel usou para descrever sua visĆ£o para a ofensiva.
AtĆ© que os Patriots contratem um coordenador ofensivo para fazer parte da primeira comissĆ£o tĆ©cnica de Vrabel em New England, a direĆ§Ć£o esquemĆ”tica do ataque ainda Ć© desconhecida. No entanto, faz sentido que Vrabel possa optar por implantar um esquema West Coast semelhante ao que ele usou em Tennessee. AlĆ©m de rodar um ataque no estilo Shanahan com os Titans, Vrabel passou a Ćŗltima temporada em Cleveland como consultor do head coach Kevin Stefanski, outro time que adota um ataque West Coast.
Independentemente de quem seja o coordenador ofensivo, Vrabel quer que o esquema seja versƔtil para que possa se adaptar ao que os jogadores fazem bem e explorar as fraquezas das defesas.